Carta aberta a saudade racional

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Eu precisa escrever a você, saudade racional.

É porque, veja bem… Fui eu quem escolheu se afastar. E não! Não foi egoísmo. Apesar de você não merecer tantos pensamentos, eu finalmente entendi que o que vivíamos era um déjà vu. A gente já tinha vivido essa história sem final feliz. Sem final, talvez. Sem um “adeus” para sempre. Foi um “até breve”, que ia e voltava para me atormentar. Eu acabaria louca, completamente louca, se não falasse a você que, apesar de tudo, eu sinto sua falta…

Acontece que, da última vez que você voltou, o trigésimo déjà vu das nossas vidas, eu pensei que tinha tudo sob controle. Afinal, eu deveria conhecer os seus trejeitos, sua lábia conquistadora e sua voz irresistível. Eu já conhecia aquela história, de cor, não conhecia?
Mas dessa vez era como um jogo: você disparava de um lado e eu fingia que sabia o que você estava querendo. Mas quando eu revidava… Ah, era só sentimento! Enquanto eu achava que dominava você nesse jogo de quero, mas não posso, você me desvendava por completo. Tirava toda a minha roupa, dedilhava todo o meu corpo, me fazia arrepiar a pele, e conhecia cada detalhe do meu ser. Eu virava um livro aberto, em que cada linha era descoberta e traçada do jeitinho que você queria. Enquanto eu ficava perdida no labirinto que você é.

Mesmo assim, quando você apareceu naquele dia quente, foi tudo tão natural. Eu não tinha raiva de não conseguir te decifrar, porque, evidentemente, a espertinha pensou que um dia fosse conseguir. E aquele presente que você comprou pra mim? “Vi e lembrei de você”. Não foi bem assim… Foi aí que senti raiva, muita raiva de você. E, depois de um tempo, senti raiva de mim mesma! Eu não deveria estar assim, eu nem devia cogitar qualquer possibilidade ser um jogo exclusivo para você. Qual é a sua? Quer dizer… Qual é a minha, afinal???
Eu permiti que você entrasse, sentasse no sofá e bagunçasse a minha casa. Eu deixei você tirar a minha roupa e me deixasse com frio quando quisesse. Eu quase te dei a chave… E percebi: era eu quem precisava ir.

Simplesmente me deixei ir embora. Isso não quer dizer que eu não sinta saudades. É racional, afinal, sentir falta daquilo que, de certa forma te fazia bem, certo? Era só isso que eu queria te dizer hoje, quando você ficou por muito no meu pensamento: eu sinto raiva por sentir saudades. E eu queria não sentir vontade de voltar.

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